quinta-feira, 3 de junho de 2010

Outras memórias

" Então se reencontra algo que tinha sido perdido sem mesmo perceber: não é um tempo esotérico, solene ou majetoso, mas a intensidade efêmera de um momento esquecido do passado que, pela súbita junção com a temporalidade da sensação presente, adquiri uma profundidade repentina, como se ele ecoasse um apelo que vem de longe, de um instante soterrado no passado e que, de repente, passa a ter um futuro possível. Ou ainda: o presente não é somente ponto de inflexão indiferente entre o antes e o depois; e o passado não é simplesmente algo encerrado e morto. Em seu encontro recíproco, ambos, passado e presente assumem uma intensidade sensível que lhes outroga novamente aquilo que parecia perdido: a abertura sobre uma dimensão desconhecida, a abertura sobre o possível..." Marcel Proust.

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