quinta-feira, 27 de maio de 2010

Não está escrito na minha cara?

Acontece assim: nenhum prazer é tão pleno quanto quando estou com eles. A realização consequente ao contato me torna inteira, de modo que deixo de lado qualquer outro desejo só para poder estar perto, responder às suas necessidades. Posso estar no limite da exaustão e, sem pestanejar, deixar de lado minha deliciosa cama para ir correndo brincar de esconder. Ah, só vivendo pra saber.

Assim as horas vão passando e quando dou por mim, as vivi sem sentir a transição que elas impõe. Eu enxergo o tempo através das fases dos meus. Meus amores; meus cuidados; meus protegidos; meus reflexos; meus anjos. Meus questionamentos; meus ensinamentos; meu crescimento. Minhas expectativas.

Ao me tornar mãe, deixei de ser eu o tempo todo em mim para o ser também na cria. O que causa fragmentação. O que tira a linearidade dos acontecimentos. Antes, eu sozinha tinha a vida nas mãos e a evolução era crescente, perceptível e palpável. Agora eu não tenho mais tempo para reparar em cada ato. Além da minha vida em mim, tenho as duas vidas ao meu lado e a minha vida neles. Tanto mais acontece. Vivo para além de mim, controlo menos a passagem do tempo por ocupar minhas mãos de outro modo. Tomo os meus e já decidi - involuntariamente - que a vida vai me mostrar neles e em suas conquistas o que tenho passado, o que tenho de passado e o que será passado.

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